PCP quer controlo público de setor energético após apagão "inesperado"

O secretário-geral do PCP defendeu esta terça-feira que é necessário um controlo público do setor energético e considerou que o Governo devia ter prestado informação de forma "mais rápida", após o corte de abastecimento de energia de segunda-feira.

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© Rita Franca/NurPhoto via Getty Images

Lusa
29/04/2025 12:58 ‧ há 4 horas por Lusa

Política

Apagão

Em declarações aos jornalistas na Assembleia da República, Paulo Raimundo reconheceu que a situação registada esta segunda-feira foi "inesperada", mas considerou que se exigia, da parte do Governo, uma resposta "mais rápida".

 

"Face à dimensão do problema, exigia-se uma informação mais rápida, mais desenvolvida, que permitisse que a população se sentisse mais segura perante uma situação que naturalmente afeta toda a gente", disse.

Relativamente à resposta das estruturas do Estado, o secretário-geral do PCP recordou que situações como a de segunda-feira, apesar de serem raras, já aconteceram no passado, e defendeu que os meios de Proteção Civil não podem estar dependentes de empresas de comunicações.

"O Estado, os agentes da Proteção Civil em particular, não podem estar nas mãos, dependentes de empresas de comunicações, têm de ter a sua própria redundância para que não tenha acontecido aquilo que aconteceu ontem [segunda-feira]", afirmou.

Paulo Raimundo disse que o apagão "viveu-se com muita tranquilidade", mas lamentou que muitas mensagens à população ou tenham "chegado muito tarde" ou, noutros casos, como o seu, não chegaram de todo.

"Portanto, é preciso que o país, o Estado, tenha a redundância nas suas mãos. Não é para o dia-a-dia, é para enfrentar este tipo de situações", referiu.

O secretário-geral do PCP recordou que, no passado, o país "já teve nas suas mão a estrutura do setor energético" e considerou que, "por opções erradas", foi decidido primeiro "segmentar esse setor unificado no que diz respeito à produção e, depois, à comercialização e à rede de distribuição elétrica".

"Depois da sua segmentação, cada um destes setores foi privatizado, com as consequências que conhecemos. E depois, para juntar a isso tudo, desenvolveu-se um processo, também do ponto de vista europeu, mas com consequência no nosso país, que foi a chamada liberdade de ação do setor, com tudo o que isso implicou", afirmou.

Para Paulo Raimundo, isto fez com o que o país chegasse a uma situação em que a sua infraestrutura energética não está "ao serviço dos interesses do país e da sua soberania", mas antes aos interesses "dos que dominam esta empresa".

"Ora, um país não pode prescindir do controlo público destes setores estratégicos. E, portanto, nós precisamos de caminhar, novamente, para um setor unificador, que concentre em si a distribuição, a produção e a comercialização, de maneira a que a resposta a dar seja a necessária à realidade do país", defendeu.

O secretário-geral do PCP advertiu que o país está a "pagar as consequências" das decisões que foram tomadas relativamente ao setor energético e disse que essa é uma das questões que o seu partido pretende levar a debate esta quarta-feira na Assembleia da República, tendo em conta que pediu o agendamento urgente de um debate sobre o apagão desta segunda-feira.

"Queremos que ele seja feito a partir desta ideia fundamental: os instrumentos que o Estado tem ao seu dispor para garantir que se responde aos interesses nacionais e, neste caso, à soberania energética", disse.

No início da sua declaração, Paulo Raimundo agradeceu aos profissionais e às estruturas do Estado que "garantiram o funcionamento do país", seja na saúde, segurança, comércio ou serviço e se dê particular prioridade à saúde no esforço de recuperação da energia.

Um corte generalizado no abastecimento elétrico afetou na segunda-feira, desde as 11:30, Portugal e Espanha, continuando sem ter explicação por parte das autoridades.

O operador de rede de distribuição de eletricidade E-Redes garantiu hoje de manhã que o serviço está totalmente reposto e normalizado.

Leia Também: Apagão? Fnam exige responsabilidades políticas por "dificuldades" no SNS

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