"Fica aqui à sugestão, ao Ministério da Educação, ao Governo, que venha dizer qual é, de facto, hoje, qual é o número ainda de alunos sem professor. Fica o desafio, pode ser que desta vez o Governo responda", disse Paulo Raimundo.
O líder comunista discursava num comício em Coimbra, onde também falou o secretário-geral da Federação Nacional de Professores (Fenprof), Mário Nogueira, que acusou o Governo de se mostrar "ineficaz a resolver o problema" dos docentes e que "cada vez são mais os alunos sem professores".
Mas Paulo Raimundo acredita que, por "mais oleada que seja a máquina, por mais bem paga que seja a agência de propaganda", a realidade acabará por se impor.
"Faltam professores nas escolas e mais vão faltar se não se resolverem nada. Faltam auxiliares e técnicos nas escolas e mais vão faltar se não se tomarem medidas de fundo", disse, afirmando que "só num país da direita e daqueles que amparam a sua política" é que se pode dizer "que a educação está melhor".
Abordando os acordos feitos com os professores pelo atual Governo, Paulo Raimundo considerou que esse entendimento não feito na sequência de qualquer "rebate de consciência" do executivo da AD.
"Não houve nenhum ímpeto de defesa, à luta intensa de todos os professores. O Governo não deu, cedeu e não tinha nenhuma alternativa, nem este nem outro qualquer que viesse nesta altura", sublinhou.
Segundo o secretário-geral do PCP, o Governo "não tinha nenhuma alternativa", face à "persistência da luta dos professores".
Apesar do acordo, Paulo Raimundo antevê que a luta tenha que continuar, "porque há muita coisa por resolver" na educação, alertando que o projeto "que está em agenda é um projeto de negócio da educação", de "uma escola para os pobres e outra para as elites".
Durante um discurso de meia hora, o secretário-geral ainda ensaiou o tom de quem fala de "reorganização" de serviços escolares, Serviço Nacional de Saúde ou do acesso à habitação.
"Quando falam de reorganização, nós já sabemos o que é que significa: desmantelamento, ataque aos direitos, caminhar para a privatização", disse.
Numa intervenção onde também defendeu mais investimento e menos precariedade na ciência e investigação, Paulo Raimundo, quase no final do seu discurso, voltou a pedir aos militantes para ignorarem aquilo que noutro dia disse serem cascas de bananas.
"Deixem os outros falarem entre eles. Deixem os outros trocar piropos, trocar palavras, trocar ameaças muito calorosas. Deixem-nos falar daquilo que interessa a eles e deixem a CDU falar daquilo que interessa ao nosso povo. É para isso que nós cá estamos", afirmou.
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