O eurodeputado socialista Francisco Assis criticou, este sábado, o candidato do Partido Socialista (PS) à Câmara Municipal do Porto e ex-ministro da Saúde, Manuel Pizarro, pelo comunicado emitido na sequência da agressão do responsável pela candidatura do PSD à autarquia, Vasco Ribeiro, ao candidato independente (e atual vice-presidente) Filipe Araújo.
Num artigo de opinião, divulgado nas redes sociais, o socialista afirmou que "o vereador Filipe Araújo e o Vasco Ribeiro envolveram-se num desacato lamentável e impróprio de duas pessoas educadas", mas considerou que "estarão ambos certamente arrependidos dos atos praticados" e que "um momento infeliz não autoriza um julgamento apressado do carácter das pessoas".
Segundo Assis, Manuel Pizarro "conhece Vasco Ribeiro há muitos anos e sabe que ele é um homem de carácter, incapaz de propalar qualquer tipo de discurso de ódio (como agora se diz), alheio à prática da violência" e "dotado de natural predisposição para o respeito pelo outro".
"O candidato do PS pode estar magoado por não contar com o apoio eleitoral do Vasco Ribeiro dada a grande proximidade que tiveram. O candidato do PS não pode emitir um comunicado visando assassinar o carácter de um homem digno por pura vingança e oportunismo eleitoral. Ou melhor, pode, e tanto pode que o fez. Não o deveria ter feito. Aviltou-se e arrastou consigo o PS", denunciou o eurodeputado na publicação.
Na nota, Francisco Assis fez ainda questão de "deixar claro que há uma parte do PS, por mais ínfima que ela seja, considera abjecta a tomada de posição do candidato do PS à Câmara do Porto".
Em causa, sublinhe-se, está uma agressão ocorrida na noite de quinta-feira no festival Primavera Sound, no Porto. Segundo denunciou o vice-presidente da autarquia portuense, a agressão terá ocorrido quando Vasco Ribeiro se aproximou de Filipe Araújo e iniciou uma "conversa". Depois, "de forma súbita e violenta, agarrou o candidato e desferiu-lhe um murro no rosto, seguido do lançamento de um copo".
Em comunicado, Vasco Ribeiro, que se demitiu na sequência do incidente, admitiu que teve uma "discussão acalorada" com Filipe Araújo, mas "nada tem a ver com a candidatura".
"Nego e repudio categoricamente a acusação que me é feita de agressão gratuita ao Eng. Filipe Araújo. O que ocorreu na noite anterior, e do qual não me orgulho, foi uma discussão acalorada em torno de um antigo assunto relacionado com a minha saída da Câmara Municipal do Porto, que degenerou em insultos e empurrões de parte a parte. Embora este episódio nada tenha a ver com a candidatura do Eng. Filipe Araújo e do Dr. Pedro Duarte, entendi, por sentido de responsabilidade, apresentar a minha demissão da direção de campanha", escreveu.
Após a divulgação do incidente, o ex-ministro Manuel Pizarro recorreu às redes sociais para condenar "em absoluto a agressão cobarde ao vice-presidente da câmara e candidato às próximas eleições Filipe Araújo, durante o Festival Primavera Sound, por parte de um destacado dirigente da candidatura do PSD".
"Já tive oportunidade de lhe apresentar a minha solidariedade e não posso deixar de publicamente condenar com veemência o sucedido", lê-se na publicação do socialista. Manuel Pizarro sublinhou que repudia "totalmente a violência", considerando-a "ainda mais incompreensível e condenável em contexto político".
Ao jornal Observador, fonte da candidatura de Manuel Pizarro adiantou que diz que "não se percebe esta declaração de Francisco Assis, que aparece a branquear o comportamento de um seu colaborador direto de há largos anos".
"Além do mais o próprio envolvido no episódio de agressão fez um julgamento diverso e decidiu demitir-se da campanha do PSD e o candidato do PSD, embora com demora, mas assumindo o gesto como indefensável, decidiu aceitar essa demissão", acrescentou.
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