O Programa do XXV Governo Constitucional foi entregue, este sábado, na Assembleia da República, após ter sido aprovado em Conselho de Ministros. A discussão do documento está marcada para terça e quarta-feira, mas já há opiniões sobre os objetivos da coligação AD - da Esquerda à Direita.
O documento tem 10 eixos prioritários, comprometendo-se com "uma política de rendimentos que valoriza o trabalho e a poupança, o mérito e a justiça social", a reforma do Estado ou "criar riqueza, acelerar a economia e aumentar o valor acrescentado".
As outras prioridades identificadas pelo Governo passam por uma "imigração regulada e humanista", o funcionamento dos serviços públicos "com qualidade", uma aposta numa "segurança mais próxima, justiça mais rápida e combate à corrupção", habitação, construção de novas infraestruturas, o projeto "a água que une" e um "plano de reforço estratégico de investimento de defesa".
Fique a par das reações da Esquerda à Direita:
Após a entrega do Programa do Governo, pelas mãos do ministro dos Assuntos Parlamentares, Carlos Abreu Amorim, o líder do Chega, André Ventura, foi o primeiro a posicionar-se sobre o documento, considerando que "não tem, na verdade, nenhuma ideia inovadora".
"O Programa de Governo hoje apresentado na Assembleia da República não tem, na verdade, nenhuma ideia inovadora a orientá-lo. Pior: nota-se a falta de ambição e de coragem para mudar aquilo que está errado no país há tantas décadas. Precisamos de muito mais!", escreveu Ventura na rede social X.
O Programa de Governo hoje apresentado na Assembleia da República não tem, na verdade, nenhuma ideia inovadora a orientá-lo. Pior: nota-se a falta de ambição e de coragem para mudar aquilo que está errado no país há tantas décadas. Precisamos de muito mais!
— André Ventura (@AndreCVentura) June 14, 2025
À Esquerda, o secretário-geral do Partido Comunista Português (PCP), Paulo Raimundo, considerou que se trata de um programa de propaganda e de negociatas.
"Este é o programa que dá força e que dá suporte a esta política das negociatas e dos golpes para sacar recursos do Estado, que é o mesmo que dizer, ir buscar ao bolso de cada um de nós toda a transferência possível para entregar àqueles que se acham donos do país", disse Paulo Raimundo, durante o convívio regional da CDU em Estarreja, no distrito de Aveiro.
No seu discurso, o dirigente comunista começou por referir que os resultados eleitorais das legislativas criaram condições para acentuar a política das desigualdades e da exploração e deu como exemplo o Programa do Governo, afirmando que, tal como os comunistas tinham avisado, é "um programa de propaganda, um programa de negócio e das negociatas".
Já a porta-voz do PAN, Inês Sousa Real, criticou o Programa do Governo por 'apagar' algumas medidas que considera serem "da mais elementar justiça social", como os subsídios para a tarifa social de energia e o abono de família.
A coordenadora do Bloco de Esquerda (BE), Mariana Mortágua, por sua vez, afirmou que o Programa do Governo social-democrata baixa os impostos dos gigantes empresariais e das grandes fortunas, enquanto a classe média vai pagar mais pela educação, pela saúde, pelos serviços públicos.
"O Governo vai baixar os impostos dos gigantes empresariais e das grandes fortunas, para torná-los mais ricos, para que possam comprar mais imóveis, mais casas" para arrendar que "vão sugar todo o salário de uma classe média que já não tem salário que sobre ao fim do mês", disse.
No documento, o executivo liderado por Luís Montenegro reiterou ainda a promessa de diálogo com a oposição. Face a esta posição, o candidato à liderança do Partido Socialista (PS), José Luís Carneiro, considerou que o Governo tem de escolher com quem quer dialogar.
"Há valores e princípios dos quais nós nunca poderemos abdicar. (...) Vamos, portanto, aguardar pelo respeito do Governo e que o Governo tenha consciência de que tem de escolher com quem quer fazer o diálogo", afirmou José Luís Carneiro. "[O diálogo] não pode ser à segunda, terça e quarta com uns, e à quinta, sexta e sábado com outros".
Também Henrique Gouveia e Melo, candidato às eleições presidenciais de 2026, reagiu ao Programa do Governo, descrevendo-o como "reformista e virado para o futuro".
"Fiquei contente, porque é um Programa [de Governo] reformista e virado para o futuro. Agora, do programa à execução, há um grande intervalo que tem de ser percorrido", apontou Gouveia e Melo, durante uma visita à Feira do Campo Alentejano, no distrito de Beja.
Sublinhe-se que o PCP já anunciou que irá apresentar uma moção de rejeição ao Programa do Governo, mas a iniciativa dos comunistas tem chumbo certo, já que, além do PSD e CDS, também não terá o apoio do Chega e do PS.
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