MP moçambicano admite envolvimento de "magistrados e polícias" em raptos

O Procurador-Geral da República de Moçambique (PGR), Américo Letela, admitiu esta terça-feira dificuldades para identificar e neutralizar os mandantes dos crimes de raptos no país, denunciando o envolvimento de membros da polícia e de magistrados no crime.

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Lusa
29/04/2025 12:18 ‧ há 5 horas por Lusa

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"Continuamos a registar situações de algumas pessoas com responsabilidade na prevenção e combate deste crime, como por exemplo alguns agentes da Polícia da República de Moçambique, que se envolvem na preparação, facilitação e execução de raptos, bem como magistrados que, motivados por esquemas de corrupção, garantem a impunidade ou favorecem os infratores, por via das suas decisões", apontou Procurador-Geral, Américo Letela.

 

Ao apresentar aos deputados a informação anual do Ministério Público (MP) referente a 2024, Letela disse que os crimes de rapto estão agora a ocorrer "com mais ousadia dos autores", pedindo esforços adicionais do Estado e das comunidades, assim como a cooperação com países da região.

"Persiste a dificuldade de identificação e neutralização dos mandantes destes crimes, por um lado, devido ao modo altamente sofisticado e complexo em que as redes operam, por outro, devido a alguns deles atuarem estando fora do país", apontou o procurador.

Os dados apresentados pelo Ministério Público indicam que em 2024 foram instaurados 32 processos relativos a este tipo de crime, com o resgate de pelo menos 13 vítimas e detenção de 21 suspeitos, apreensão de seis armas de fogo e desmantelamento de três cativeiros.

"Julgamos oportuna uma reflexão sobre a adoção, no nosso ordenamento jurídico, dentre as várias medidas, as que prevejam o congelamento de fundos e bens das vítimas, suas empresas e de familiares próximos de modo a evitar pagamento de resgates para desencorajar o crime", avançou o procurador-geral.

Em 10 de abril, o ministro do Interior de Moçambique admitiu que o crime de rapto é complexo, organizado e transnacional, e propicia a fuga de capitais, além de criar sentimentos de "insegurança", apelando à sociedade para denunciar suspeitos de envolvimento.

A polícia moçambicana registou desde 2011 a março deste ano pelo menos 205 crimes de rapto, avançou o Governo, que admite "desafios" para travar estes acontecimentos.

Em conexão com os casos, a polícia moçambicana deteve pelo menos 302 pessoas, tendo sido desativados diversos locais usados como cativeiros e apreendidas armas de fogo, incluindo bens móveis e imóveis.

Desde 2011, uma onda de raptos afeta Moçambique e as vítimas são, sobretudo, empresários e os seus familiares, principalmente pessoas de ascendência asiática, um grupo que domina o comércio nos centros urbanos das capitais provinciais no país.

Cerca de 150 empresários foram raptados em Moçambique nos últimos 12 anos e uma centena deixou o país por receio, segundo números divulgados em julho pela Confederação das Associações Económicas de Moçambique, que defendeu que é tempo de o Governo tomar medidas para combater este tipo de crime.

Leia Também: PGR moçambicana pede lei específica para crimes durante manifestações 

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