O Nepal tenciona restringir as autorizações para escalar o Monte Evereste a alpinistas que tenham escalado pelo menos um dos picos do país, por forma a reduzir a superlotação e melhorar a segurança.
O país tem enfrentado duras críticas por permitir que muitos alpinistas, incluindo os sem experiência, se aventurem na montanha na 8.849 metros. De facto, a sobrelotação tem sido apontada como a causa do elevado número de mortes no Evereste, principalmente devido às filas que formam na chamada ‘zona da morte’, uma área abaixo do cume com oxigénio natural insuficiente para a sobrevivência.
A lei propõe, assim, a emissão de autorizações para escalar o Evereste apenas depois de o alpinista comprovar que escalou pelo menos uma montanha de sete mil metros no Nepal, noticiou a agência Reuters.
O sardar, ou seja, o chefe do pessoal local, e o guia de montanha que acompanha os alpinistas devem também ser cidadãos nepaleses.
O projeto de lei foi registado na Assembleia Nacional, a câmara alta do parlamento, onde a aliança no poder detém a maioria necessária para aprovar o projeto. Contudo, os operadores internacionais de expedições apelaram a que o país considere a escalada de qualquer pico de sete mil metros, e não apenas os situados no Nepal.
“Não faria qualquer sentido. E também acrescentaria a essa lista montanhas que estão perto dos sete mil metros e que são muito utilizadas como preparação, como o Ama Dablam, o Aconcagua, o Denali e outras", disse Lukas Furtenbach, da Furtenbach Adventures, empresa de expedições sediada na Áustria.
O responsável disse ainda que, na sua ótica, os guias de montanha de outros países também deveriam de ser autorizados a trabalhar no Evereste, uma vez que não existem nepaleses qualificados em número suficiente para exercer essa função.
Também Garrett Madison, da empresa norte-americana Madison Mountaineering, considerou que um pico de 6.500 metros em qualquer parte do mundo seria uma ideia melhor.
“É muito difícil encontrar um pico razoável de mais de sete mil metros no Nepal”, disse.
Saliente-se que pelo menos 12 alpinistas morreram e outros cinco desapareceram no Monte Evereste em 2023, quando foram emitidas 478 autorizações. No ano passado, oito alpinistas morreram.
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