Num comício ao ar livre em Santarém, no final do quinto dia oficial de campanha da AD (coligação PSD/CDS-PP), Luís Montenegro voltou ao tema da greve da CP, dizendo que hoje foi alvo de "um corrupio de comentários" por ter admitido alterações à lei para equilibrar o direito à greve com outros.
"Eu até pensava que isto era relativamente consensual e que aqueles que comentaram a minha observação se lembravam do que diziam. Eu já dizia isto quando estava na oposição, foi talvez ingenuidade minha pensar que outros fariam o mesmo", disse.
Em seguida, leu passagens de duas declarações de 2019 Pedro Nuno Santos -- sem nunca dizer o seu nome mas o seu cargo à data, de ministro das Infraestruturas -, primeiro numa entrevista à TVI, em abril desse ano.
"Vou ler-vos o seguinte: 'Devemos com cautela, sem pôr em causa direitos constitucionalmente consagrados, refletir sobre a lei da greve, sobre a organização sindical e sobre o abastecimento das nossas infraestruturas críticas'", citou, dizendo que ele próprio não foi hoje tão longe.
Montenegro citou ainda outra declaração de Pedro Nuno Santos, em julho do mesmo ano à Lusa, em que manifestou preocupação com greves em períodos eleitorais, dizendo concordar com o que então defendia o ministro, lamentando que hoje o líder do PS o tenha acusado de insulto à democracia.
"Há aqui uma grande dose de incoerência. Eu não sei como é que se pode governar um país com dúvidas, com hesitações, com ziguezagues tão declarados", acusou, questionando se se deve acreditar no que Pedro Nuno Santos dizia antes ou agora.
Montenegro considerou que é "por estas e por outras" que só a AD garante estabilidade: "É preciso ter estabilidade política e na opinião política", defendeu.
O também primeiro-ministro voltou a considerar a greve da CP "absolutamente injusta", argumentando que o processo de negociações do Governo com os sindicatos permitiam tê-la evitado.
"Havendo a greve, não tenho duvidas que ela tem altíssima influência de interesses políticos e partidários", disse.
O líder do PSD questionou "se é justo e adequado" que centenas de pessoas possam "de forma fácil e direta colocar em causa os direitos de milhões de pessoas", referindo-se aos que deixaram de ir trabalhar, estudar ou perderam consultas médicas.
No comício em Santarém, Montenegro afirmou que, na campanha de há um ano, assumiu neste distrito "um compromisso de honra" de fazer da agricultura portuguesa um setor estratégico do nosso desenvolvimento económico e social.
"Este trabalho não está acabado, mas esta prioridade tem expressão no Governo e empenho transversal dos ministros", assegurou.
Com o ministro da Educação, Fernando Alexandre, como cabeça de lista por Santarém, o líder do PSD defendeu a importância deste setor para "um país com efetiva igualdade de oportunidades".
"Só se alcança se houver uma aposta acima de qualquer outra na educação. É na educação que nós somos todos iguais", defendeu.
Em 2024, a AD elegeu três dos oito deputados por este círculo, atrás do PS, também com três parlamentares, e à frente do Chega, com dois.
Leia Também: Montenegro destaca "significado político" da escolha de um papa dos EUA