Numa sessão em Montemor-o-Novo, no distrito de Évora, o líder do PCP afirmou que o programa do Governo que começou a ser discutido na terça-feira na Assembleia da República (AR) "é uma afronta à vida difícil da maioria" da população.
"E é uma declaração de guerra àqueles que trabalham, que criam a riqueza, que põem o país e a economia a funcionar", acrescentou o secretário-geral do PCP, na sessão de apresentação dos candidatos da CDU a Montemor-o-Novo nas eleições autárquicas que se realizam este ano.
Segundo Paulo Raimundo, o programa do executivo AD liderado por Luís Montenegro, ao qual o PCP já anunciou que vai apresentar uma moção de rejeição, "insiste numa política gasta, velha, sem resultado nenhum, a política dos baixos salários".
"É o programa que, se fosse apenas por vontade do primeiro-ministro, perspetiva o salário mínimo nacional em 2029 num valor inferior àquele que hoje já é pago aqui ao lado, em Espanha", exemplificou, em jeito de crítica.
E trata-se de um programa "apostado na exploração" e "em mais precariedade laboral", sendo que precariedade laboral "significa a precariedade da vida".
Por isso, o programa do Governo da AD (PSD/CDS-PP) serve é "para que trabalhemos mais horas, mais tempo e para desregular ainda mais os horários de trabalho, como se eles não fossem já suficientemente desregulados", afirmou o líder do PCP, frisando ainda que implica "novos ataques às leis laborais, desde logo o ataque à lei da greve".
O Governo afirma, neste seu programa para a nova legislatura, que "quer reformar o Estado" e, "aliás, encheu umas peitaças e umas parangonas de jornais e aberturas de telejornal com esta ideia de reformar o Estado", ironizou Paulo Raimundo.
"Mas vai reformar o Estado para quê? Para que o Estado responda melhor a cada um? Para que haja uma resposta melhor no Serviço Nacional de Saúde? Para que se responda ao drama da habitação? Para que se criem condições para haver melhores escolas públicas no nosso país?", questionou.
A resposta do secretário-geral do PCP é a de que "não", porque "a reforma do Estado que o Governo quer é uma reforma para que o Estado se adapte ainda mais aos interesses daqueles que exploram quem cá vive e cá trabalha" e "não daqueles que cá vivem e trabalham".
Na sua intervenção, que se seguiu à do cabeça de lista da CDU à Câmara de Montemor-o-Novo, Carlos Pinto de Sá, antigo presidente deste município e atual presidente do de Évora, a cumprir o seu último mandato na capital de distrito, Paulo Raimundo garantiu que o PCP vai opor-se ao desmantelamento do Serviço nacional de Saúde e da escola pública e à "opção" do Governo de "abrir caminho para que se ponha a mão no dinheiro da Segurança Social", o qual "é dinheiro do trabalho, não é de mais ninguém".
Entre outros assuntos, o líder comunista manifestou-se também contra o aumento "de 2% da despesa para a corrida aos armamentos", já que este dinheiro "é para a loucura da guerra", não para valorizar as Forças Armadas, nem os ex-combatentes.
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