Autoridades romenas empenhadas em evitar nova interferência nas eleições

As autoridades da Roménia asseguram que têm feito "mais que o melhor possível" para garantir que as eleições presidenciais de domingo decorram com normalidade, após a anulação inédita do escrutínio de novembro passado por suspeita de interferência russa.

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© Daniel MIHAILESCU / AFP

Lusa
03/05/2025 09:59 ‧ ontem por Lusa

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Roménia

"Como autoridades, fizemos mais do que o melhor que podíamos e, definitivamente, a situação melhorou", disse, em entrevista à Lusa em Bucareste, Valentin-Alexandru Jucan, presidente interino do Conselho Nacional do Audiovisual (CNA), entidade reguladora do setor.

 

O responsável defendeu que "ninguém pode dizer que terá eleições 'à prova de bala', mas todas as entidades da Roménia fizeram o seu melhor para não ter um novo novembro em maio".

Valentin Jucan afirmou que, desde janeiro, os funcionários do CNA têm trabalhado sem pausas, mas reconheceu que a entidade precisa de mais pessoal e mais meios técnicos, nomeadamente no campo da Inteligência Artificial.

Em dezembro, documentos desclassificados dos serviços secretos revelaram a interferência de "uma potência estrangeira" - depois identificada como sendo a Rússia -- na primeira volta das eleições presidenciais, realizada em 24 de novembro.

"O que está claro é que a Rússia interveio nas eleições romenas do ano passado, isso é claro como água para nós. Vimos as narrativas, vimos a divulgação, vimos de onde e como eles atacaram os romenos. E vimos o que aconteceu depois", referiu Valentin Jucan.

O candidato populista Calin Georgescu, relativamente desconhecido até três semanas antes e com apenas 5% das intenções de voto, foi catapultado por uma intensa campanha nas redes sociais, em particular na plataforma TikTok, atribuída à Rússia, vencendo a eleição de novembro com 23%.

O Tribunal Constitucional anulou o escrutínio, dois dias antes da data prevista para a realização da segunda volta, uma decisão que Georgescu denunciou como "um golpe de Estado".

O populista foi impedido pela autoridade eleitoral de concorrer à repetição das eleições, estando acusado pela justiça romena de seis crimes, incluindo atos inconstitucionais e falsas declarações financeiras.

O responsável do CNA aponta um "resultado positivo" do que se passou em novembro. Na sua opinião, os eleitores estão hoje mais bem informados e não se limitam a votar "com raiva e frustração".

"Houve uma percentagem de eleitores que, com raiva e frustração, votaram em qualquer um, exceto os políticos tradicionais. Muitos deles votaram em Colin Georgescu sem saber quem ele era realmente. Viram imagens e vídeos nos últimos dias ou nas últimas horas [antes das eleições] a serem promovidos numa quantidade enorme no TikTok e eles votaram simplesmente porque queriam votar contra todos os outros", descreveu.

Para Valentin Jucan, "esses eleitores entenderam que a forma como votaram foi um erro e agora estão a prestar atenção".

"Sim, podem votar com raiva, mas estarão informados", considerou.

O CNA lançou uma campanha nos meios de comunicação social e distribuiu nas escolas e universidades e junto dos encarregados de educação um "guia curto e simples" sobre desinformação, discursos de ódio, violência ou outros conteúdos ilegais nas redes sociais.

"De forma metafórica, dissemos: 'Nós só temos dois olhos para verificar as plataformas, e deveríamos ter um milhão de olhos' e convidámos as pessoas a denunciarem se virem algo ilegal", descreveu o responsável.

A campanha tem sido "um sucesso", garantiu: "Recebemos cerca de 200 denúncias por dia".

Muitos destes conteúdos ilegais são as chamadas 'fake news'.

Depois do apagão que afetou Portugal e Espanha na segunda-feira passada, o CNA mandou remover perto de 20 contas que "espalhavam a informação de que o apagão iria chegar à Roménia durante as eleições", exemplificou.

Leia Também: Regulador quer que Bruxelas responsabilize TikTok por ingerência russa

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