Mortágua usa habitação como trunfo para captar eleitores do Chega

 A coordenadora nacional do BE foi hoje a Loulé, em Faro, para realçar que o seu partido "é o único que dá a cara" pelo direito à habitação, numa tentativa de captar eleitores que votaram Chega nas últimas legislativas.

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Lusa
12/05/2025 12:09 ‧ há 5 horas por Lusa

Política

Bloco de Esquerda

"Eu quero dizer a todos os eleitores do Algarve que há um partido que é o único que dá a cara para proteger o direito à habitação", afirmou Mariana Mortágua, à margem de uma iniciativa de campanha para as legislativas de dia 18 em Loulé, dedicada ao tema da habitação.

 

Num distrito ganho pelo Chega nas legislativas do ano passado, ultrapassando PS e PSD, Mariana Mortágua tentou captar votos argumentando que outros partidos, em particular o liderado por André Ventura, "chegam ao Algarve e vêm falar sobre a habitação mas na Assembleia da República andaram a votar os vistos 'gold' que sobem o preço das casas e andaram a votar os benefícios fiscais para estrangeiros ricos que compram as casas no Algarve e a proteger a especulação imobiliária".

Durante as declarações da coordenadora, chegou a ouvir-se uma vez um grito "Chega", sintoma da implantação do partido de Ventura neste território, onde o BE candidata como número um José Gusmão, antigo eurodeputado. Os bloquistas ambicionam recuperar a representação perdida neste círculo em 2019.

"E é preciso que todos os algarvios saibam quem é que os defende aqui, com coragem para enfrentar os interesses imobiliários, e quem é que vem ao Algarve contar mentiras e depois na Assembleia da República vota ao lado dos interesses dos bancos, da especulação que lhe está a tirar a casa e a pagar salários baixos. E por isso nós viemos ao Algarve e queremos falar com as pessoas e queremos dizer-lhes, olhos nos olhos, quem é que defende a habitação em Portugal", argumentou Mariana Mortágua.

Uma das principais bandeiras do partido nesta campanha tem sido a habitação, em particular a proposta de tetos máximos às rendas, e a líder bloquista aproveitou a ocasião para insistir também nas críticas a PS e PSD.

"Isto diz respeito ao Algarve, diz respeito a muitas zonas do país. O maior problema, o maior drama social em Portugal, nós ouvimos PSD e PS a dizer exatamente o mesmo, que é nada. Não têm mais nenhuma solução para a habitação", lamentou.

Acompanhada pelo cabeça de lista José Gusmão e pela antiga coordenadora do partido e atual eurodeputada, Catarina Martins, Mariana Mortágua juntou-se hoje a uma concentração de habitantes de Loulé que construíram casa em terrenos próprios mas de forma ilegal, que agora a Câmara Municipal quer demolir, obrigando os moradores a pagar.

Estes algarvios argumentam que não tiveram opção e são também vítimas da crise da habitação.

Fátima Coelho é uma destas moradoras, que ficou sem a sua anterior casa porque não a conseguiu pagar ao banco e recorreu a um terreno abandonado do avô "com outras casas à volta" para construir um pré-fabricado.

"Vi-me obrigada a fazer uma casinha para ter com a minha família", desabafou. Primeiro, apareceu uma multa da Câmara Municipal que Fátima pagou. Depois, surgiu "uma posse administrativa do terreno com ordem de demolição".

"Nós chegamos aqui e ouvimos os dramas destas pessoas que nos dizem que só querem ter uma casa, que só querem ser felizes na sua casinha, e confrontamo-nos com a total falta de empatia de um modelo económico e de autoridades que estão dispostas a mandar famílias para a rua sem ter alternativa", alertou Mortágua.

Uma outra habitante afirmou que muitas das denúncias são feitas por turistas que têm "uma mansão muito bonita e não querem a casinha ali ao pé, a tirar a paisagem para o mar".

"Nós só queremos paz, só queremos a nossa casinha e paz, não queremos mais nada. Só queremos ter o direito de pagar os nossos impostos justos. Isto é pior que a guerra", lamentou.

O cabeça de lista do BE por Faro, José Gusmão, salientou que o Algarve é a região do país com salário médio mais baixo e a segunda região com habitação mas cara apenas batida por Lisboa, criticando o facto de existir neste distrito construção em reservas naturais.

"Não há nenhuma barbaridade urbanística que não se faça em Loulé, desde que se tenha dinheiro. O grande crime destas famílias é não terem dinheiro para serem consideradas relevantes pela Câmara", lamentou.

Leia Também: Mariana Mortágua diz que mulheres é que são "o farol do país"

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