A empresa, do grupo Maia & Borges, o líder nacional da produção de figuras e brinquedos em PVC pintados, está na Guarda desde 2020 e emprega 130 pessoas, produzindo exclusivamente para exportação.
A paralisação de 24 horas é um "ato de desespero, porque estas 130 mulheres estão no limite por não receberem há dois meses", disse Paulo Ferreira, dirigente do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Atividades do Ambiente do Centro Norte (SITE), à agência Lusa.
"Algumas delas são mães que vivem sozinhas com os filhos e ganham o salário mínimo. É muito complicado estar dois meses sem receber. Até recebendo já é uma ginástica apertada, quanto mais tarde e a más horas", criticou o sindicalista.
Segundo Paulo Ferreira, a situação está a afetar a vida pessoal e familiar das funcionárias, algumas das quais estão de baixa médica.
"Das 130 trabalhadoras da MB2, hoje [quinta-feira] estavam a trabalhar apenas 60, porque as restantes não aguentaram a pressão e estão de baixa. Ou seja, a situação está tão dramática que estas funcionárias foram abaixo", realçou.
Paulo Ferreira acrescentou que neste momento estão por pagar os vencimentos de março e abril, o que diz nunca ter acontecido na MB2 Manufacture, a laborar na Guarda há cinco anos.
"É a primeira vez que há salários em atraso, já pagamentos muito tardios é quase desde sempre. As trabalhadoras recebem no dia 11 ou 12 do mês, por aí", adiantou.
O sindicalista exemplificou que "o mês de fevereiro foi pago a 28 de março".
"O patrão justifica a situação dizendo que o cliente não está a pagar à empresa e, como tal, não tem dinheiro para pagar os ordenados. O que é estranho, porque as funcionárias têm trabalho, portanto, há aqui qualquer coisa que não está a funcionar bem", alegou.
Paulo Ferreira adiantou que o SITE reuniu no dia 06 com a responsável dos recursos humanos da empresa, para tentar enviar a greve, mas sem sucesso.
"Para já vamos fazer esta greve de 24 horas, depois logo se vê o que é que as trabalhadoras acham que devemos fazer".
A paralisação destina-se a reivindicar o pagamento dos salários de março e abril, mas também que os ordenados futuros sejam pagos "até ao dia 01 de cada mês" e a melhoria das condições de trabalho na fábrica da Guarda.
O dirigente do SITE espera uma adesão à greve "da ordem dos 90%".
A Lusa não conseguiu contactar a administração da empresa.
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